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Groundforce à espera de uma nova estrutura acionista

02 Jul

Groundforce e TAP vivem momentos de grande tensão enquanto enfrentam a maior crise de sempre da aviação

Está por resolver o impasse em torno da Groundforce. Mas o Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, veio esta quarta-feira dizer que está convencido de que será possível encontrar uma solução de longo prazo para a empresa de handling, manifestando o seu agrado face às negociações entre a Pasogal de Alfredo Casimiro - detentora de 50,1% do capital e a Swissport. Não afastou contudo algum tipo de intervenção do Estado, apesar de sublinhar que nem a TAP, nem o Estado poderão ficar com a maioria do capital.
 
As negociações exclusivas de Alfredo da Silva com a empresa de handling suíça Swissport estão a chegar ao fim, mas ninguém antecipa um desfecho. Entretanto o Montepio, que tem o penhor da maioria das ações da Pasogal na Groundforce, tem o processo temporariamente suspenso. É que, sabe o Expresso, a Pasogal avançou com uma providência cautelar para travar uma eventual alienação. O Montepio tem estado a receber manifestações de interesse. Para já Alfredo Casimiro prefere optar pelo silêncio.
 
Pedro Nuno Santos desejou esta quarta-feira sucesso ao negócio de Casimiro com os privados. “Sabemos que há uma negociação em curso entre o proprietário maioritário da Groundforce e uma empresa de handling privada [a Swissport] e esperemos que essa negociação se possa concluir com sucesso para se iniciar uma nova fase da vida da Groundforce“, afirmou o governante. O Eco noticiou que a Pasogal terá pedido pela sua participação entre 25 a 30 milhões de euros.
 
SALÁRIOS EM ATRASO E INCERTEZA NA BASE DA GREVE
O verão promete ser agitado com greves e paralisações na Groundforce, a grande empresa de handling dos aeroportos portugueses. Os trabalhadores vão protestar pelo facto de estarem a receber, desde fevereiro, os salários atrasados ou fracionados. É a partir de meados de julho que se irá sentir a perturbação.
 
As greves estão a ser marcadas entre os dias 15 de julho e 2 de agosto. Será um ciclo de greves às horas extraordinárias ou totais. Uma greve que afetará sobretudo a TAP, responsável por cerca de 70% do negócio, e no pico do verão.
 
Os sindicatos da Groundforce têm estado nos últimos dias a fazer pré-avisos de greve. O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) marcou greve às horas extraordinárias entre 15 e 29 de julho, seguido de mais três dias, até 1 de agosto, de greve total.
 
“Até à data de hoje, os trabalhadores da SPdH/Groundforce têm dado mostras de um irrepreensível sentido de responsabilidade e crença no futuro da empresa”, vincou o Sitava, acrescentando não ser aceitável que, apesar de estarem a ser “produtivos como nunca”, os trabalhadores não vejam os seus salários pagos na íntegra. “[…] Chegou a hora de os trabalhadores dizerem basta, a fim de verem cumpridos os seus direitos mais básicos. Os trabalhadores da SPdH têm direito a trabalhar numa empresa estável e gerida por gente de bem”, concluiu.
 
O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) e o Sindicato dos Trabalhadores dos Aeroportos, Manutenção e Aviação (STAMA) convocaram uma greve para entre 16 e 18 de julho, e outras paralisações parciais. A partir do dia 12 de julho começa uma greve parcial à primeira e à última hora de cada horário dentro de turno de trabalho, por tempo indeterminado.
 
CRÍTICA À ATUAÇÃO DA TAP
Já o Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA) convocou uma greve para os dias 17, 18, 31 de julho e 1 e 2 de agosto, mais uma paralisação nas horas extraordinárias entre 15 de julho e 31 de outubro.
 
O sindicato independente justificou esta decisão com a situação de “instabilidade insustentável” da Groundforce face ao pagamento dos salários. E crítica a TAP, dizendo que a companhia - também acionista, com 49,9% - “não paga os serviços já faturados” e “cativa mensalmente cerca de 600.000 euros, sem um minuto de moratória e sem um cêntimo de desconto”.
 
O STHA salienta que os trabalhadores vão assegurar os serviços necessários à segurança e manutenção dos equipamentos e instalações, bem como os serviços mínimos. Há exceções previstas para a realização de voos para satisfação ou resolução de problemas críticos relativos à segurança de pessoas e bens, voos de Estado e a primeira aterragem e descolagem no voo entre ilhas (Funchal e Porto Santo).
 
O sindicato sublinha ainda, em comunicado, que a Grounforce tem hoje menos 1.100 trabalhadores do que em março de 2020. E que, ao contrário da TAP, no último mês as operadoras aéreas têm antecipado o pagamento das faturas dos serviços prestados, “dando o seu contributo para o pagamento pontual dos salários dos trabalhadores”. Defende ainda que os fundamentos apresentados no pedido de insolvência feito pela TAP - a aguardar aprovação judicial - estão desatualizados em termos quantitativos e do aumento da atividade nos aeroportos.

Fonte: Jornal EXPRESSO
Fonte fotográfica: Jornal EXPRESSO

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