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Congresso da APAT: Sem um «bom sector de Logística» não haverá «sucesso» económico

12 Nov

Congresso APAT: Ministro das Infraestruturas analisou aposta na ferrovia


Congresso da APAT é já uma «referência incontornável» no domínio da análise do panorama atual da Logística, da integridade das cadeias de abastecimento, do papel dos transitários na materialização dos fluxos comerciais e no debate sobre a evolução dos transportes. O mais recente, ocorrido na reta final de outubro, refletiu sobre a «Disrupção do Sistema Logístico» e contou com a presença do Ministro das Infraestruturas.

A intervenção de abertura do evento pertenceu ao presidente executivo da associação, António Nabo Martins, seguindo-se o discurso do governante Pedro Nuno Santos. «Se não tivermos um bom sector de logística, não conseguimos ter sucesso enquanto economia», vincou o ministro, salientando a importância da complementaridade entre a ferrovia e a rodovia, negando qualquer ideia de maior auxílio a um sector em detrimento do outro.

O governante lembrou que ambos os sectores «têm papéis diferentes», ambos valiosos para a Logística e para a multimodalidade; contudo, o investimento na ferrovia – deixado para segundo plano durante décadas – é urgente para dar resposta aos desafios ambientais, sublinhou. «Desinvestimos neste meio de transporte que permitia ao país importar menos (neste caso combustível), mas também poderia proporcionar menos custos na mobilidade, porque obviamente a mobilidade rodoviária é mais cara do que a mobilidade ferroviária», declarou Pedro Nuno Santos.

«Nós, em vez de termos investido nas últimas décadas num meio de transporte que já tem a solução elétrica inventada há muitas décadas, começámos a fazer o errado e a desinvestir na ferrovia», sublinhou o ministro, que, repetidamente, tem criticado, abertamente, o passado de desinvestimento dos sucessivos governos portugueses ao longo das últimas décadas. Em jeito de balanço, a APAT constatou que o «objetivo foi atingido»: «o nosso futuro logístico será uma disrupção permanente», concluiu a associação, enfatizando a «desordem» reinante.
Em comunicado, a APAT sumarizou os tópicos mais preponderantes na radiografia da situação atual: «a falta de navios, de contentores, de mão-de-obra especializada, descarbonização provocam o aumento exponencial dos preços»; «o crescimento do e-commerce e o elevado investimento para novos meios de transporte, atrasam a descarbonização do sector e a crescente automatização de veículos», a «criação de rotas mais inteligentes torna essencial a criação e a modernização das infraestruturas do país», o papel das infraestruturas «eficientes» no aumento da competitividade e da tecnologia na «resiliência do sector». A otimização das cadeias logísticas deverá permitir que as empresas sejam mais eficientes e que reduzam custos, ao passo que é incontornável que a digitalização tem permitido «a uniformização e automatização dos processos operacionais».

Os congressistas presentes no evento gizaram algumas ideias que poderão dar resposta a determinados problemas que se enquadram na situação atual: será importante o foco na vertente digital, «para garantir a competitividade no mercado global», sendo inevitável que a troca eletrónica de dados seja «a próxima etapa nas cadeias logísticas». A digitalização trata-se «um desafio, mas também uma oportunidade para o sector transitário pois vai permitir diminuir o tempo de resposta dos operadores e garantir uma maior qualidade e eficiência no transporte», resume a APAT, ao formular uma súmula das sugestões debatidas durante o congresso. «Consumir mais perto» é, definitivamente, «expectável», dadas as metamorfoses no sector logístico (à boleia também da COVID-19): os ecossistemas produtivos vão estar «mais próximos do consumo».

O desenvolvimento de sistemas intermodais — com boas ligações entre o tráfego rodoviário, marítimo e ferroviário — permitirá reduzir a emissão de gases com efeito de estufa e criar parcerias competitivas e será vital que a conectividade seja assegurada por «estruturas competitivas». Também a utilização de ferramentas tecnológicas que incluam inteligência artificial e machine learning permitirão tomar melhores decisões, mais rápidas e com maior eficiência. A evolução do sector encarará também a formação profissional como sendo «importantíssima» para capacitar os profissionais – a transformação digital «exige novos conhecimentos e preparação por parte dos recursos humanos, que terão que ser requalificados e formados».


Fonte: Revista Cargo

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