Instabilidade no Mar Vermelho sem fim á vista. Dois ataques no Golfo de Aden - através de mísseis balísticos - foram relatados pela imprensa internacional.
A tensão numa das mais importantes acessibilidades marítimas do mundo teima em não acalmar, e, ao que tudo indica, as graves consequências da instabilidade geopolítica que vem minando a região do Mar Vermelho continuará a prejudicar o normal trânsito de navios, e, por arrasto, o fluxo de mercadorias, essencial para a homeostase do Comércio Internacional. No passado dia 9 de Junho, relatos de dois novos ataques a navios de mercadorias foram confirmados pelos rebeldes Houthi.
Dois ataques no Golfo de Aden - através de mísseis balísticos - foram relatados pela imprensa internacional. Os alvos foram dois navios de mercadorias (um de bandeira liberiana e outro de Antígua e Barbuda), tendo um deles sofrido um incêndio de dimensões consideráveis, reportou a norte-americana ABC news. Um terceiro míssil foi disparado, contudo, acabou por ser interceptado por um navio militar que patrulhava a área. Este ataque, que reforça a tensão vivida na região, foi já reivindicado pelos rebeldes Houthi.
Recorde-se que os Houthi, que mantêm pretensões geoestratégicas no Iémen há mais de uma década, intensificaram os seus atos de guerra na região na sequência do escalar do conflito militar entre o Hamas e Israel, na faixa de Gaza, através de ataques sucessivos a navios no corredor do Mar Vermelho, algo, desde a reta final de 2023, tem vindo a semear o pânico nesta passagem marítima - crucial para o transporte de mercadorias - e a interferir com o regular trânsito dos navios, forçando-os a rotas alternativas.
Em busca de maior segurança e previsibilidade, muitas das transportadoras marítimas optaram por outras rotas marítimas, assim aumentando os tempos de trânsito e, por consequência, os custos do transporte. Desde Novembro do ano passado, foram já registados cerca de 50 ataques a navios de mercadorias, perpetrados pelos rebeldes Houthi. Este novo ataque vem comprovar que a paz na região está longe de ser uma realidade e a estabilidade para o Shipping global, infelizmente, uma miragem.
A APAT já teve oportunidade de abordar o tema, à luz do seu impacto nos tempos de trânsito, no frete do shipping contentorizado e na Economia: no arranque de 2024, o seu presidente executivo analisou, aos microfones da RTP 3, o conflito, afirmando que «está a impactar as empresas», que «os fretes do transporte aumentaram com alguma relevância» e que «as mercadorias acabam por chegar mais tarde aos seus destinos». O bolso do cliente final, será, inevitavelmente, afetado por toda a situação, alertou António Nabo Martins, lembrando que o custo do transporte de um contentor no trajeto Europa-Ásia atingiu os 5000 dólares.