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José Pedro Aguiar-Branco: «Transitários são agentes da liberdade de circulação»

14 Nov
A minha primeira palavra é de homenagem e reconhecimento a todos os que trabalham neste setor. Ser transitário é percorrer as distâncias necessárias. Para que os objetos circulem. Para que as trocas comerciais aconteçam. Para que a economia não pare. Para unir o que está afastado.
Este ano, estamos a celebrar os 40 anos do Espaço Económico Europeu.
Um acordo entre os membros da União Europeia e três outros países – Noruega, Liechtenstein e Islândia – que instituiu um grande espaço de livre-circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais.
No próximo ano, são os 40 anos dos Acordos de Schengen. Outro momento simbólico para a livre-circulação na Europa.
 
Mas as liberdades só existem quando as usamos. Quando as pomos em prática.
Há liberdade de circulação, porque há quem circule.
Há liberdade de comércio, porque há quem faça comércio.
Há livre-trânsito de mercadorias, porque há quem as transporte.
 
Os transitários são agentes, tantas vezes invisíveis, da liberdade de circulação. São discretos, mas são essenciais.
Por isso, não podia deixar de estar aqui hoje, a prestar o meu cumprimento cívico e a minha homenagem. Obrigado por este trabalho tão importante.
 
A minha segunda palavra é sobre o tema que aqui nos traz. A digitalização da economia.
Vivemos num mundo em mudança.
Por um lado, tudo parece mais próximo.
Uma empresa, ainda que pequena, consegue contactar com consumidores do mundo inteiro.
Uma pessoa, no conforto de casa, tem acesso a uma vasta oferta de produtos e de serviços.
Tudo parece estar à distância de um clique.
Mas, por outro lado, as distâncias aumentaram. O mercado ficou mais complexo.
Os produtos locais, muitas vezes, foram substituídos por bens que vêm de longe. Que têm de ser transportados.
A distância de um clique, às vezes, é uma grande distância.
 
Atrás dos ecrãs, esconde-se um enorme esforço logístico. Para que as trocas virtuais sejam trocas reais. Para que o longe se faça perto. Para que o mundo se torne acessível.
A economia digital é mais do que sites e algoritmos. São pessoas. Empresários e operários. Engenheiros e técnicos de software. Administrativos. Armazenistas. Estafetas. Transitários.
Pessoas que às vezes não vemos. Que fazem trabalhos discretos. Mas que são essenciais.
 
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Quero saudar a Associação dos Transitários de Portugal que, este ano, comemora 50 anos de existência.
É importante que as empresas do mesmo ramo de atividade estejam agregadas, para participarem no diálogo social.
É importante, também, que os trabalhadores estejam organizados.
Os grandes avanços que se fizeram, tanto em Portugal como na Europa, em matéria de condições laborais, só aconteceram porque houve diálogo com os parceiros sociais.
 
O mundo mudou muito, nestes 50 anos. E vai mudar ainda mais, nos próximos 50.
Hoje, diante de uma nova economia, com novas caraterísticas e novos desafios, precisamos de continuar a revitalizar o diálogo social.
Dar voz a todos os parceiros.
Garantir que ninguém é invisível.
Cuidar dos interesses de todos.
 
Debater a economia digital não é só debater a tecnologia, ou a eficiência das trocas.
É debater os desafios das empresas. A burocracia. A carga fiscal. Os obstáculos ao comércio internacional.
É debater os direitos laborais. A conciliação entre trabalho e família. As regras de contratação e despedimento. O direito a descansar.
 
Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Termino com um agradecimento.
Obrigado por celebrarem o Dia do Transitário desta forma. Com debate e reflexão sobre os desafios de amanhã.
O futuro será o que, juntos, fizermos dele.
Vamos construir um bom futuro.

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