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«A Economia digital é mais do que sites e algoritmos. São pessoas»

20 Nov
Um dos momentos altos do evento 'Dia do Transitário' 2024, realizado no passado dia 25 de Outubro, foi o discurso de encerramento, levado a cabo pelo Presidente da Assembleia da República de Portugal, José Pedro Aguiar-Branco. Debruçando-se sobre o complexo tema da Digitalização da Economia, José Pedro Aguiar-Branco lembrou que, na realidade imediatista, célere e digital em que estamos mergulhados, continua a ser crucial perceber o esforço humano que está por detrás do fenómeno do Comércio Global, que todos damos por garantido mas que é fruto de equilíbrios constantes. 
 
«Vivemos num mundo em mudança. Por um lado, tudo parece mais próximo», introduziu. «Uma empresa, ainda que pequena, consegue contactar com consumidores do mundo inteiro. Uma pessoa, no conforto de casa, tem acesso a uma vasta oferta de produtos e de serviços. Tudo parece estar à distância de um clique. Mas, por outro lado, as distâncias aumentaram. O mercado ficou mais complexo. Os produtos locais, muitas vezes, foram substituídos por bens que vêm de longe. Que têm de ser transportados. A distância de um clique, às vezes, é uma grande distância», prosseguiu.
 
Todo este processo, muitas vezes apenas visualizado nos ecrãs de uma nova realidade cada vez mais digital, esconde um «enorme esforço logístico», salientou José Pedro Aguiar-Branco. «Para que as trocas virtuais sejam trocas reais. Para que o longe se faça perto. Para que o mundo se torne acessível.
A economia digital é mais do que sites e algoritmos. São pessoas. Empresários e operários. Engenheiros e técnicos de software. Administrativos. Armazenistas. Estafetas. Transitários. Pessoas que às vezes não vemos. Que fazem trabalhos discretos. Mas que são essenciais», vincou.

Perante a plateia de associados da APAT e de empresas provenientes de diferentes ramos de atividade, o Presidente da Assembleia da República congratulou a associação pelos seus 50 anos de existência, saudando o caráter associativo, gregário e mutualista que a APAT vem emprestando ao «diálogo social» e lembrando que «os grandes avanços que se fizeram, em matéria de condições laborais, só aconteceram porque houve diálogo com os parceiros sociais». Para o reputado advogado e político, é necessária uma permanente revitalização deste diálogo, dando «voz a todos os parceiros».

José Pedro Aguiar-Branco reforçou ainda, no seu discurso de encerramento, que «debater a economia digital não é só debater a tecnologia, ou a eficiência das trocas. É debater os desafios das empresas. A burocracia. A carga fiscal. Os obstáculos ao comércio internacional»: uma mensagem que vai ao encontro das persistentes reivindicações da APAT no espaço público no que concerne à ineficaz burocracia, aos obstáculos e constrangimentos estruturais que impedem o progresso das relações comerciais e exportações e importações, e, no geral, do setor empresarial, logístico e transitário.

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