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Transitários queixam-se à AMT dos armadores

25 Jan

A APAT denuncia a integração vertical musculada promovida pelas companhias de navegação e pede a intervenção da AMT.

As novas práticas comerciais de algumas companhias do shipping de contentores estão a colocar os transitários à beira de um ataque de nervos. Como se já não bastassem a falta de capacidade de transporte, os atrasos e as altas dos fretes, agora, com o arranque do novo ano, sucedem-se os casos, que motivaram a APAT a apresentar uma queixa junto da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), confirmou ao TRANSPORTES & NEGÓCIOS o presidente executivo da associação dos transitários.
 
O problema ganhou agora uma nova expressão, até ao nível global, com a decisão da Maersk de disponibilizar aos transitários apenas tarifas spot, “tendencialmente mais caras e com uma validade que chega a não ir além de um dia”, sublinha António Nabo Martins.
 
Mas os casos já começaram no final do ano passado, recorda, e até motivaram um primeiro pedido de intervenção da AMT. “Primeiro, foi a Maersk Sealand a querer cobrar uma sobretaxa nos casos em que o transporte terrestre dos contentores fosse realizado por terceiros. Depois foi a MSC a tentar fazer o mesmo. Agora é a Arkas a querer impôr o seu transporte rodoviário das cargas de importação”, enumera o dirigente associativo.
 
Nos dois primeiros casos, os contactos com os armadores e/ou a intervenção da AMT levaram à suspensão das medidas. O caso da Arkas ainda não está resolvido.
 
Mas as queixas dos transitários não se ficam por aqui. “A Hamburg Süd já não dá cotações para transitários”, denuncia Nabo Martins. E “a Twill [plataforma electrónica da Maersk] não aceita o registo de transitários, o que está a obrigar aqueles que podem fazê-lo a usar outras empresas – não transitárias – para terem acesso às cotações, em regra mais baixas”, acrescenta.
 
Aos transitários, as companhias de shipping justificam algumas das medidas com a escassez de contentores e com a necessidade de garantir uma maior celeridade no encaminhamento das mercadorias. Mas para a APAT tais práticas serão apenas mais uma face duma “agressiva entrada dos armadores terra adentro, muito para além dos terminais portuários, numa lógica de integração vertical do negócio, que deixará pouco, ou nenhum espaço para os demais players, em particular os mais pequenos”.
 
Uma postura musculada, em nome da eficiência, alavancada pelos lucros recorde que o transporte marítimo de contentores gerou no ano passado, e tudo indica continuará a gerar este ano, e que permitem aos principais players do sector investirem forte em compras e no alargamento da sua rede.
 
Porque o movimento é global, sublinha António Nabo Martins. Mas “liderado” por diferentes players, nas diferentes geografias, numa prática que torna mais difícil contestá-lo junto das devidas instâncias.
 
A nível europeu, por exemplo, lembra, a APAT “continua empenhada, com a CLECAT, em contestar a isenção do cumprimento das regras da concorrência pelas companhias de navegação. A Comissão sugere que apresentemos uma queixa formal. Mas isso demora muito tempo e custa dinheiro, que não temos. Ao invés das companhias de navegação”.
 
Por cá, apresentada que foi nova queixa à AMT, o que espera a APAT? “A AMT é o regulador do mercado. No mínimo, esperamos que ouça as partes e garanta o cumprimento das regras do mercado e da livre concorrência”.
 
O problema, sublinha o presidente executivo dos transitários, não é exclusivo da classe. “Mas a verdade é que estamos sozinhos nesta luta”, remata.
 
Fonte: Transportes & Negócios
Fonte fotográfica: Transportes & Negócios
 
 

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