Para o presidente executivo da APAT, o país necessita de apetrechos infraestruturais e logísticos que permitam fixar as cargas ao invés de serem desviadas para outros países.
À boleia do debate sobre 'O Transitário: A Força da Logística na Economia', que serviu de mote para o 19º Congresso da Associação dos Transitários de Portugal (APAT), António Nabo Martins, presidente executivo da entidade, trouxe à baila o sempre controverso dossier do novo aeroporto e a necessidade de uma aposta inquestionável na carga aérea. Para o responsável, o país necessita de apetrechos infraestruturais e logísticos que permitam fixar as cargas ao invés de serem desviadas para outros países.
«Não é possível continuarmos a fazer carga aérea, e ir, por exemplo, a Madrid e voltar para cá porque a carga aérea não consegue ser rastreada, devido a questões de segurança, nos nossos aeroportos. Não faz sentido. Não podemos continuar a levar carga aérea originária de Portugal e que depois acaba por ser exportada, na prática, por outros aeroportos europeus. É um contrassenso», declarou, taxativamente, o presidente executivo da APAT, que, na segunda metade de 2023, dinamizou a criação do Fórum Nacional de Carga Aérea, visando dar unidade e voz às empresas que se movimentam na logística aérea.
«Quando falamos num hub para passageiros, de falar no mesmo hub para carga»
Para António Nabo Martins - e para uma significativa parte das empresas envolvidas no segmento aéreo - Portugal é detentor de um trunfo geográfico valioso que, constantemente, se encontra desaproveitado devido à carência infraestrutural e estratégica. «Quando falamos num hub para passageiros, temos, inerentemente, de falar no mesmo hub para carga. Estamos pertíssimos do continente americano, no meio do eixo Ásia-Europa-América. Deveríamos ter essa capacidade de interligação, até porque a maior parte da carga aérea circula em aviões de passageiros e quando falamos de um hub para passageiros, deveríamos estar a considerar igualmente o mesmo hub para mercadorias», acrescentou o responsável executivo.
Hub de carga aérea em Lisboa é «prioridade»
Recorde-se que a mesma perspetiva havia sido partilhada por Joaquim Pocinho, administrador do Grupo Sousa e membro da direção da APAT, durante o 19º Congresso da associação, realizado nos dias 10 e 11 de Novembro, em Vila Nova de Gaia. Joaquim Pocinho reinvindicou «prioridade» para a aposta numa nova infraestrutura aeroportuária, de modo a que haja um «hub de carga aérea em Lisboa, tendo uma vantagem geográfica ímpar e uma conectividade com a América Latina e com o Sul Global».