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COFACE analisa setor dos Transportes: Instabilidade tornou-se o novo normal

04 Nov
A economia mundial resistiu às turbulências comerciais do primeiro semestre de 2025, mas os próximos trimestres deverão evidenciar os efeitos de longo prazo. O Coface Risk Review de outubro de 2025 analisa as dinâmicas globais, com especial destaque para o agravamento dos riscos sociais e políticos e para os desafios estratégicos enfrentados pelos países do Golfo.
 
Neste contexto, a Coface procedeu a cinco alterações nas Avaliações de Risco País, incluindo quatro revisões em alta, e a dezasseis alterações nas avaliações setoriais, nove das quais positivas. As previsões de crescimento global foram revistas em alta para 2,6% em 2025, seguindo-se 2,4% em 2026. Ao mesmo tempo, as insolvências empresariais nas economias avançadas aumentaram 4% no primeiro semestre, com particular incidência na Europa (+11%) e na região Ásia-Pacífico (+12%). O Índice de Risco Político e Social da Coface alcançou um máximo histórico de 41,1%, superando o pico registado durante a pandemia e consolidando a instabilidade política como um fator estrutural da economia mundial.
 
Depois de um verão marcado por novos acordos comerciais e pela subida gradual das tarifas norte-americanas, a economia global revelou resiliência. A tarifa média dos Estados Unidos fixou-se em torno dos 18%, após um pico de 36% logo após o Liberation Day, muito acima dos 2,5% registados durante a administração Biden. As empresas conseguiram antecipar, reorientar e absorver o impacto das medidas, beneficiando também do impulso dado pelos investimentos em inteligência artificial. Contudo, começam a surgir sinais de pressão na atividade, no emprego e na inflação nos EUA, que antecipam a transmissão dos efeitos nocivos das tarifas à economia real.

As perspetivas regionais mostram contrastes significativos. Os Estados Unidos mantêm-se mais resistentes do que o esperado, apoiados pela procura interna, enquanto a China continua a desacelerar e a zona euro apresenta crescimento anémico, apesar da ligeira recuperação prevista na Alemanha. A Índia destaca-se com um crescimento robusto de 7,6% no primeiro semestre, a Polónia mantém um ritmo sólido de 3,4% e África melhora as suas projeções para 4,1% em 2025. Ainda assim, o risco de escaladas geopolíticas e os efeitos da consolidação orçamental em vários países mantêm elevada a incerteza sobre o desempenho global.

A nível político e social, a instabilidade tornou-se o novo normal. Para além da subida recorde do índice global, persistem grandes conflitos e intensificam-se as tensões internas em países como Burkina Faso, Níger, Paquistão e Líbano. Nos Estados Unidos, o risco aumentou de forma mais acentuada, refletindo a fragilidade institucional e a ascensão do populismo. Já na Europa, a França enfrenta uma crise política sem precedentes.

O Médio Oriente e, em particular, os países do Golfo surgem como uma das regiões mais dinâmicas do mundo. A diversificação económica tem avançado rapidamente e o setor não petrolífero já representa 70% do PIB da região. O crescimento do Conselho de Cooperação do Golfo deverá atingir 3,8% em 2025 e 4% em 2026, impulsionado pela procura interna e por programas públicos ambiciosos, como a Visão 2030 da Arábia Saudita. Os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita atraíram fluxos recorde de investimento direto estrangeiro em 2024, respetivamente 46 e 32 mil milhões de dólares, reforçando a sua integração nas cadeias de valor globais. Contudo, a dependência contínua dos hidrocarbonetos e uma eventual queda prolongada nos preços do petróleo poderão comprometer orçamentos públicos e atrasar projetos estratégicos.

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