O Coface Risk Review de Outubro de 2025 analisa as dinâmicas globais, com especial destaque para o agravamento dos riscos sociais e políticos.
A economia mundial conseguiu escapar minimamente intacta às turbulências comerciais do primeiro semestre de 2025, mas os próximos trimestres deverão evidenciar os efeitos de longo prazo. O
Coface Risk Review de Outubro de 2025 analisa as dinâmicas globais, com especial destaque para o agravamento dos riscos sociais e políticos e para os desafios estratégicos enfrentados pelos países do Golfo.
Índice de Risco Político e Social subiu acentuadamente
A Coface procedeu a 5 alterações nas Avaliações de Risco País, incluindo 4 revisões em alta, e a dezasseis alterações nas avaliações setoriais, 9 das quais positivas. As previsões de crescimento global foram revistas em alta para 2,6% em 2025 e 2,4% em 2026. Ao mesmo tempo, as insolvências empresariais nas economias avançadas aumentaram 4% no primeiro semestre, com particular incidência na Europa (+11%) e Ásia-Pacífico (+12%). O Índice de Risco Político e Social da Coface alcançou um máximo de 41,1%, superando o pico registado durante a pandemia.
Economia global enfrentou desafios com resiliência
Depois de um verão marcado por acordos comerciais e pela subida gradual das tarifas norte-americanas, a economia global revelou resiliência. A tarifa média dos EUA fixou-se em 18%, após um pico de 36% após o Liberation Day. As empresas conseguiram antecipar, reorientar e absorver o impacto das medidas, beneficiando também do impulso dado pelos investimentos em inteligência artificial. Contudo, começam a surgir sinais de pressão na atividade, no emprego e na inflação nos EUA, que antecipam a transmissão dos efeitos nocivos das tarifas à economia real.
As perspetivas regionais mostram contrastes significativos. Os EUA mantêm-se resistentes, apoiados pela procura interna, enquanto a China continua a desacelerar e a zona euro apresenta crescimento anémico, apesar da ligeira recuperação prevista na Alemanha. A Índia destaca-se com um crescimento robusto de 7,6% no primeiro semestre e África melhora as suas projeções para 4,1% em 2025. Ainda assim, o risco de escaladas geopolíticas e os efeitos da consolidação orçamental em vários países mantêm elevada a incerteza sobre o desempenho global.
Um novo normal: disrupções sucessivas
A nível político e social, vinca o barómetro da Coface, «a instabilidade tornou-se o novo normal»: um contexto que começa a ser demasiado familiar para o Transitário, que enfrenta desafios disruptivos sucessivos. Para além da subida recorde do índice global, persistem conflitos e intensificam-se as tensões internas em países como Burkina Faso, Níger, Paquistão e Líbano. Nos EUA, o risco aumentou de forma mais acentuada, refletindo a fragilidade institucional e a ascensão do populismo. Já na Europa, a França enfrenta uma crise política sem precedentes.
O Médio Oriente e, em particular, os países do Golfo surgem como uma das regiões mais dinâmicas do mundo. A diversificação económica tem avançado rapidamente e o setor não petrolífero já representa 70% do PIB da região. O crescimento do Conselho de Cooperação do Golfo deverá atingir 3,8% em 2025 e 4% em 2026, impulsionado pela procura interna e por programas públicos ambiciosos, como a Visão 2030 da Arábia Saudita. Os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita atraíram fluxos recorde de investimento direto estrangeiro em 2024, respetivamente 46 e 32 mil milhões de dólares, reforçando a sua integração nas cadeias de valor globais.
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