O acento na intermodalidade vem dar razão aos transitários, que defendem a intermodalidade há décadas, quando quase ninguém a referia.
O transporte intermodal é o uso do meio de transporte mais eficiente a cada momento, tornando a cadeia de abastecimento mais racional e sustentável. Não é possível termos portos modernos e eficientes sem transportes intermodais modernos e eficientes.
Para tal, são necessários investimentos públicos em portos secos, corredores logísticos e ferrovia. Não se pode ambicionar aumentar o tráfego nos nossos portos sem acessibilidades rodo ferroviárias a funcionar em coordenação com portos secos, serviços alfandegários modernos e eficientes e corredores logísticos.
A apresentação do plano 5+ não concretiza qual o investimento publico a realizar, nem prazos para a sua execução. E esse é o grande problema deste plano, que todos esperamos não seja mais um PowerPoint, pairando sobre nós durante os próximos 10 anos. Esperemos, para bem de todos, não estarmos perante mais uma oportunidade perdida.
Por fim, o ambiente económico do país. É urgente criar um ambiente mais propicio e amigo das empresas e do investimento privado.
A economia portuguesa vive um longo período de estagnação, que dura há cerca de 25 anos. Durante este longo período, as taxas de crescimento económico foram muito reduzidas, criando desequilíbrios na economia e na sociedade em geral que estamos agora a sofrer.
O investimento publico, especialmente nos últimos 15 anos, foi muito reduzido. Presentemente, a necessidade de renovar infraestruturas, construir outras, entretanto necessárias, criando condições para o desenvolvimento económico, é fundamental para assegurarmos o futuro do país e das novas gerações.
Mas quando a despesa pública ascende a 46% do produto nacional, e desta 85% é despesa rígida em salários e pensões, fica extremamente difícil, com o restante, criar condições para investir. A despesa publica ascende a quase metade do produto nacional e, mesmo assim, não chega para o investimento publico necessário à economia. Esta é a principal razão da urgência da reforma do estado. Se não for feita rapidamente, perderemos o futuro a que as novas gerações têm direito.
O aumento de tráfego ambicionado para os portos que o plano 5+ se propõe concretizar não deverá surgir unicamente das importações ou do transhipment. É necessariamente forçoso o aumento da exportação de bens transacionáveis. É disso que vivemos enquanto transitários e é por aqui que a economia ganha competitividade e produtividade.
O desenvolvimento do turismo em Portugal tem sido uma boa notícia para o país. E deve continuar a ser desenvolvido e a crescer. Contudo, o país não pode esquecer as restantes atividades económicas, nomeadamente a indústria, que atravessa um período de recessão e diminuição de atividade que é escondida pelo sucesso do turismo.
É fundamental para o país, e para os transitários, a aposta do país na indústria e na exportação de bens transacionáveis. O crescimento da atividade portuária deve acompanhar o desenvolvimento das exportações. E para tal é necessário um melhor ambiente para as empresas. É urgente a diminuição da carga fiscal, a diminuição dos custos de contexto e o apoio à modernização da indústria portuguesa como um todo.