A tensão vivida no Mar Vermelho desde a reta final de 2023 tem impactado, de forma positiva, o tráfego de mercadorias nos portos de Lisboa e Sines. A crise logística provocada pelos ataques furtivos dos rebeldes Houthi tem forçado as transportadoras marítimas a rotas alternativas que contornem a instabilidade num dos acessos marítimos mais cruciais: o Canal do Suez. Fruto destas alterações estratégicas, a rota do Cabo passou a ser a passagem preferida, assim beneficiando os portos lusos.

Nos dois primeiros meses de 2024, indicam os dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), os portos de Sines e Lisboa cresceram, face ao mesmo período de 2023, mais de 20% em termos de movimentação de cargas. A escolha, por parte dos armadores, do Cabo da Boa Esperança como alternativa de ligação Ásia-Europa, levou a este incremento significativo: +20,5% de carga movimentada no Porto de Sines até Fevereiro, com o Porto de Lisboa a atingir os +20,1% na mesma janela temporal.

Este crescimento contribuiu para um aumento geral de +11% nos portos nacionais. O constragimento no Mar Vermelho, que, recorde-se, subiu de tom no último terço de 2023 e desde então não tem dando tréguas, é mais uma prova de que qualquer ameaça pode também trazer novas oportunidades e reconfigurações no padrão logístico e comercial. Neste contexto de imprevisibilidade, é crucial uma elevada capacidade de adaptação dos agentes económicos, de modo a captarem novas oportunidades de manterem a sua relevância operacional. No caso do Transitário, encontrar, permanentemente, novas soluções, é o segredo do sucesso.