O presidente da APAT lembrou que «a atividade transitária é dos setores da economia mais expostos aos contextos internacionais», mas realçou a resiliência constante dos Transitários.
O 20º Congresso da APAT, em Évora, foi um sucesso: mais de 165 pessoas reuniram-se na bela cidade alentejana para analisar, refletir e debater os temas mais desafiantes e estruturantes do presente e futuro do setor logístico. O mote central do evento, 'Crescer Sustentável & Permanecer Competitivo', deu azo a várias perspetivas e visões sobre as estratégias a adoptar para um amanhã mais digital e competitivo sem descurar a vertente ecológica. O presidente da direção da APAT, Joaquim Pocinho, proporcionou um dos momentos altos do evento.
APAT virada para a capacitação profissional: ênfase na Formação
Ao descrever o trajeto evolutivo da associação, Joaquim Pocinho realçou os trunfos - nomeadamente no campo jurídico e da formação - que fazem da entidade cinquentenária uma referência total e transversal ao mundo transitário, logístico e empresarial. «A APAT orgulha-se do seu centro de formação profissional, fornecendo aos seus associados centenas de horas de formação em dezenas de cursos, permitindo, assim, as formações técnicas, jurídicas, laborais e outras, essenciais para o desenvolvimento da atividade», vincou o presidente da direção.
Joaquim Pocinho enfatizou a importância dos protocolos firmados com instituições de ensino superior, assim «fornecendo aos nossos associados pós-graduações, mestrados e cursos com micro-créditos que poderão ser usados em futuros cursos superiores», dando como exemplos, os protocolos assinados «com o ISEP, a universidade portuense e os protocolos em curso com o IPSetubal». Esta vertente formativa será, defendeu, crucial para a capacitação dos quadros profissionais do setor, o que fará a diferença num futuro ultra-competitivo.
O Transitário como trave-mestra do desenvolvimento económico
Perante um auditório repleto, Joaquim Pocinho salientou a importância da atividade transitária na construção de uma economia sólida, interligada e resiliente em tempos de incerteza. O Transitário, vincou, «é cada vez mais fundamental para o desenvolvimento da economia portuguesa, seja no apoio ao comércio externo, seja no aumento da eficiência logística do mercado interno». Numa economia moderna e eficiente, «é fundamental um setor de transportes e logística forte e competitivo, que acrescente valor à economia como um todo», reforçou.
No seu discurso, o presidente da APAT alertou: «a atividade transitária é dos setores da economia mais expostos aos contextos internacionais», sofrendo «quando o comercio mundial diminui e que se expande quando o trocas internacionais aumentam». Num contexto internacional cada vez mais fragmentado e titubeante em termos geopolíticos, a «Globalização está a ser posta em causa com o aparecimento de novos polos de poder mundial, em que a afirmação da China como potencia global é o exemplo mais forte», referiu, deixando igualmente um alerta para o «declínio da influência europeia na geopolítica mundial, bem como a diminuição do seu peso relativo na economia internacional».
Perante um enquadramento geopolítico e comercial bem diferente daquele que virou o milénio, a realidade transforma-se a cada minuto e as disrupções ganham proporções cada vez mais globais. «Nada que nos assuste, na medida em que os transitários vivem há muito em ambientes voláteis. Somos dos setores mais resilientes, com uma capacidade enorme em nos adaptarmos às mudanças de contexto que afetam os nossos negócios. Já vivemos tempos de forte contração e dificuldades operacionais, bem como tempos de expansão do comercio mundial», vincou.
A revolução digital: os desafios de um amanhã mais «rápido e volátil»
O líder da APAT realçou os impactos de uma intensa revolução digital que, dia após dia, reformula a forma como nos entendemos, relacionamos e construímos as nossas operações. Sem o «fundamental» trunfo da digitalização, as empresas perderão a corrida, alertou. «As novas tecnologias irão mudar (já estão a mudar!) a forma como comerciamos; irão mudar hábitos de consumo; irão tornarmo-nos mais competitivos e ágeis, compensando reduções de margens operacionais», elencou, frisando que assim nascem «novas soluções para velhos dilemas».
«A revolução digital terá de ser precedida por uma verdadeira consciência de mudança e de que, no futuro, as coisas se farão de forma radicalmente diferente, com a realidade muito mais rápida e volátil», acrescentou, lembrando assim que as empresas terão de acompanhar a onda 'digitalizante' e integrar, estrategicamente, trunfos que permitam adaptar as suas operações a um mercado cada vez mais desmaterializado e time critical. O investimento neste capítulo será essencial para a manutenção dos índices competitivos.
A intermodalidade: um sinónimo de eficiência
Joaquim Pocinho não esqueceu também o papel crucial da Intermodalidade no futuro de um ecossistema logístico mais resilente, eficiente e interligado: «O transporte intermodal torna a cadeia de abastecimento mais racional e sustentável. Não é possível termos portos modernos e eficientes sem transportes intermodais modernos e eficientes», declarou, lembrando que o Transitário é quem melhor personifica este conceito. Têm faltado, contudo, investimentos coerentes, objetivados e numa linha temporal clara: só assim essa ambição poderá materializar-se.
«São necessários investimentos públicos em portos secos, corredores logísticos e ferrovia. Não se pode ambicionar aumentar o tráfego nos nossos portos sem acessibilidades rodo ferroviárias a funcionar em coordenação com portos secos, serviços alfandegários modernos e eficientes e corredores logísticos», rematou o líder da associação.