O associativismo assume um papel determinante: unir vontades, agregar conhecimento e transformar desafios individuais em soluções coletivas.
O setor dos transportes e da logística só será verdadeiramente sustentável se for colaborativo. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 17 – Parcerias para a Implementação dos Objetivos, lembra-nos que o progresso depende da cooperação entre todos os atores. E é precisamente aqui que o associativismo assume um papel determinante: unir vontades, agregar conhecimento e transformar desafios individuais em soluções coletivas.
As PME e o poder da representação
O tecido empresarial do setor é composto, em larga maioria, por pequenas e médias empresas. São estas que diariamente enfrentam os maiores desafios: recursos limitados, necessidade de digitalização e uma pressão crescente para adotar práticas mais sustentáveis. A tudo isto somam-se exigências regulatórias cada vez mais complexas, como a implementação da norma NIS2, que impõe novos padrões de cibersegurança e gestão de risco digital, afetando diretamente a operação destas empresas.
Para as PME, o associativismo é uma rede de apoio e um canal de voz. É através de uma associação representativa que conseguem fazer chegar à tutela as suas dificuldades reais, de forma estruturada e fundamentada. Mais do que isso, encontram apoio técnico, formação, partilha de boas práticas e um sentido de comunidade que lhes permite evoluir de forma mais informada e sólida. A união das empresas do setor sob uma mesma entidade representa uma força coletiva capaz de influenciar políticas públicas e acelerar a transição para um setor mais sustentável e competitivo.
As grandes empresas e o dever de liderar pelo exemplo
As empresas de maior dimensão, que beneficiam de projeção internacional, capacidade de investimento e know-how técnico, têm uma responsabilidade acrescida. O seu compromisso com a sustentabilidade deve traduzir-se, não só em ações internas, mas também num contributo ativo para o ecossistema do setor. Partilhar conhecimento, abrir espaço à colaboração com as PME, investir em soluções inovadoras e apoiar iniciativas associativas são formas concretas de transformar a vantagem individual em progresso coletivo. Quando as grandes empresas colocam os seus recursos ao serviço do setor, estão, de facto, a colocá-los ao serviço do país.
A tutela e o valor do apoio transversal
Do lado da tutela, apoiar o associativismo é apoiar o setor, e não apenas um ou dois players mais visíveis. O diálogo com as associações garante uma visão global, equilibrada e informada das necessidades do mercado.
É importante que esta relação seja reforçada, não apenas através de contactos pontuais com empresas individuais, mas sobretudo através de um diálogo consistente com as entidades que representam o conjunto do setor. A presença institucional em eventos associativos é, por isso, mais do que simbólica: é um sinal de reconhecimento do papel estruturante que as associações desempenham na coesão, na sustentabilidade e na competitividade do setor. A colaboração com uma entidade associativa permite que as políticas públicas sejam desenhadas de forma mais justa e eficaz, beneficiando todo o ecossistema e reforçando a competitividade nacional no contexto europeu e global.
O futuro é coletivo
Sustentabilidade e associativismo partilham o mesmo princípio: o de que só com cooperação e visão de longo prazo se constrói um setor mais forte, inovador e responsável. Num tempo em que os desafios ambientais, económicos e sociais se entrelaçam, o verdadeiro compromisso com o futuro nasce da capacidade de trabalharmos todos juntos sob o mesmo propósito: fazer do setor um exemplo de sustentabilidade e de coesão.
Ana Gonçalves
Vice-Presidente da APAT e mentora da NOVA SBE Voice Leadership Initiative
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