Manuela Patrício (APL), foi uma das oradoras de referência no debate 'Transporte, Logística e Eficiência Operacional', que a APAT organizou, no contexto do evento Logipack, decorrido na FIL.
Manuela Patrício, diretora de terminais portuários da Administração do Porto de Lisboa (APL), foi uma das oradoras de referência no segmento de debate 'Transporte, Logística e Eficiência Operacional', que a Associação dos Transitários de Portugal (APAT) organizou, no contexto do evento Logipack, que decorreu na FIL entre os dias 21 e 23 de Outubro. A experiente portuária analisou o papel nacional do porto lisboeta e enfatizou a importância de se valorizar mais a utilidade estratégica deste tipo de infraestruturas na economia.
«Lisboa é uma cidade portuária, nasceu do porto»
Para Manuela Patrício, é vital apostar no vínculo saudável entre o porto, as pessoas, os negócios e os cidadãos, consciencializando a população para a utilidade crucial deste tipo de infraestruturas na evolução económica de um país. Durante o debate 'Transporte, Logística e Eficiência Operacional', ocorrido no dia 21 de Outubro no Parque das Nações, a responsável da APL salientou que um porto é uma infraestrutura crítica para o PIB, mas, invariavelmente, acaba desconsiderado pela percepção geral da população portuguesa.
«Uma das maiores preocupações dos portos, atualmente, prende-se com a relação com a comunidade. Em termos nacionais temos, de facto, uma falta de cultura económica. Quando se fala em PIB nas notícias, surgem invariavelmente imagens de gruas, contentores e de terminais do Porto de Lisboa, mas, depois, quando se fala com o cidadão, ouvimos muitas vezes aquela pergunta: ‘Quando é que se fecha o porto?’», comentou, vincando que o país ainda carece de uma visão mais logística da realidade, nos bastidores daquilo a que chamamos Economia.
Com mais de três décadas de percurso no Porto de Lisboa, Manuela Patrício reforçou que essa abordagem não faz sentido. «Para mim, Lisboa, sem o porto, não existe. Lisboa é uma cidade portuária, nasceu do porto. Mas até no poder político julgo não haver uma mentalidade económica, de olhar para os fenómenos pelo lado do negócio. Ao fim ao cabo, tudo aquilo que é economia, taxas, valor acrescentado, vem, de facto, daquilo que o privado faz no porto. O privado é um parceiro, o consumidor é um parceiro», explicou, respondendo ao moderador.
«Lisboa é um porto de hinterland, é um porto de consumo e servimos uma área muito importante», lembrou. «Como portuária e como cidadã, penso que é um desperdício imenso um país como Portugal fechar o Porto de Lisboa. Quando se desviam rotas do porto, quem paga somos todos nós. Esta percepção não entra na cabeça de muitas pessoas, que pensam que os contentores chegam de balão, por exemplo. É um trabalho de consciencialização que temos tentado fazer; um caminho no qual vamos avançando», rematou a responsável da APL.
O «equilíbrio» entre o «bem-estar das pessoas e o da economia»
O porto lisboeta vem abraçando novos desafios que o colocam na senda da evolução tecnológica, operacional e logística. O investimento na sua modernização não só o prepara para o futuro competitivo como também o coloca em destaque na vertente da simbiose com o público e a envolvência geográfica. «O Porto de Lisboa é um porto antigo, portanto estamos a modernizar o principal terminal de contentores, que não deixa de ter os seus desafios, nomeadamente em termos de ferrovia – atravessa a zona de Alcântara – e a rodovia – que atravessa a zona de Belém – e o que nós temos de encontrar é um equilíbrio entre o bem-estar das pessoas e das empresas e o bem-estar da economia nacional», vincou.
Durante a sua intervenção, Manuela Patrício deixou um apelo: «que a economia nacional não perspetive os portos como uma ferramenta que extravasa a sua localização geográfica em uma determinada câmara, mas sim de como infraestruturas de carácter nacional. Estamos, de facto, a falar de infraestruturas nacionais, como, também é, por exemplo, o aeroporto de Lisboa. O porto é nacional e não é somente de Lisboa. O porto deve ser visto desta forma, é uma infraestrutura que serve o país», lembrando o progresso no «número de comboios».