A subida da utilização das taxas à vista, levou as transportadoras marítimas a tratarem os seus clientes transitários de forma diferente dos BCO com os quais firmam acordos diretamente.
O crescimento da aposta nas taxas à vista (as famosas spot rates) começa a ter efeitos diretos nos contratos de longo prazo e, ao longo dos últimos meses, de acordo com a perspetiva de Emily Stausboll, especialista que integra a plataforma analítica Xeneta, desenvolveu-se uma espécie de mercado de duas categorias. Na origem parece estar a persistente crise no Mar Vermelho.
De acordo com a análise de Emily Stausboll, reportada pela publicação '
The Loadstar', o crescimento acentuado do recurso às taxas à vista, impulsionada pelos efeitos negativos que a tensão vivida no Mar Vermelho tem tido na capacidade de carga e por picos precoces de procura, levou as transportadoras marítimas a tratarem os seus clientes transitários de forma muito diferente do tratamento dado aos principais BCO's (
Beneficial Cargo Owner) com os quais firmam acordos diretamente. A tendência fica explícita quando se denotam tendência muito díspares observadas nos índices de taxas à vista e de longo prazo, adiantou a especialista da Xeneta.
«Ao analisarmos os contratos de longo termo assinados - no índice de exportações do Médio Oriente - os transitários observaram um aumento nas taxas, face a Janeiro. Enquanto isso, os expedidores desfrutaram de taxas significativamente mais baixas», explicou Stausboll. «Para contextualizar esta mudança na dinâmica do mercado, recorrendo ao exemplo da ligação comercial Extremo Oriente - Mediterrâneo, no arranque de 2024, os transitários obtinham taxas de longo prazo cerca de 540$ por contentor (40 pés) mais baixas que os expedidores. Agora, pagam mais 850$ pelo mesmo contentor», resumiu.
Na opinião de Emily Stausboll, esta dinâmica reflete uma prioridade dada por uma substancial parte das grandes transportadoras marítimas à relação com os expedidores em detrimento dos transitários, o que, explicou, «conduz a que os transitários se debatam para obter contratos de longo prazo com as transportadoras marítima; e mesmo que consigam, acabam por pagar mais que os expedidores».