«Temos de olhar para plataformas já existentes e que não estão a ser exploradas; a maior parte do mercado nem sabe que existem», lembrou o presidente da Comunidade de Logística Ferroviária.
Em entrevista concedida ao
Transportes & Negócios, António Nabo Martins, presidente da recém-criada Comunidade de Logística Ferroviária (CLF), analisou o panorama ferroviário nacional e as potenciais soluções estratégicas que o novo organismo pode aportar ao futuro da Ferrovia em Portugal. Para o especialista em matéria ferroviária, é urgente idealizar uma «rede compatível com as necessidades» do país, de modo a que não se desperdicem recursos nem se faça uma cobertura deficiente do território.
«Se continuarmos a espalhar e semear terminais por todos os cantos do país, não conseguiremos obter uma rede compatível com as nossas necessidades e acabaremos por desperdiçar recursos», alertou António Nabo Martins, ao responder às perguntas colocadas pelo diretor da Transportes e Negócios, Fernando Gonçalves. Para o presidente da CLF, Portugal já possui recursos que pode e deve explorar de forma coerente e articulada, sempre tendo em vista a promoção da Intermodalidade e da Multimodalidade.
«As plataformas nunca são um problema, são uma das soluções»
«Temos de olhar para plataformas já existentes e que não estão a ser exploradas; a maior parte do mercado nem sabe que existem. As plataformas nunca são um problema, são uma das soluções. Mas têm de ser bem trabalhadas, bem exploradas, têm de ser bem enquadradas nos mercados. Não podemos ter, de forma indiferenciada, plataformas, que, por vezes até são extensões de postos aduaneiros nacionais (caso dos portos secos), e, depois, não fazermos nada para que funcionem como tal», salientou o presidente da CLF.
Segundo o também presidente executivo da APAT (recorde-se que a associação dos transitários é membro fundador da CLF), impõe-se a necessidade de um pensamento estratégico congruente com as necessidades e carências do sistema logístico nacional, de modo a eliminar redundâncias, congestionamentos ou coberturas ineficazes da conetividade de que tanto os negócios e as empresas carecem. «Queremos também mudar o mindset de algumas empresas, nem que seja pela vertente da Sustentabilidade Ambiental», acrescentou.
Para António Nabo Martins, a complementaridade entre modos de transporte é crucial para o sucesso: «Temos de encontrar formas de mostrar que estas soluções logísticas são competitivas. Os parceiros deste caminho podem ser marítimos, rodoviários e até aéreos. Temos de competir quando temos de competir, e temos de ser complementares quando temos de criar parcerias. A ferrovia sozinha não vai a lado nenhum e o próprio mercado diz isso mesmo», finalizou, reforçando que a ideia da CLF não é retirar o protagonismo à Rodovia.