A Comunidade de Logística Ferroviária pretende «alterar o mindset de empresas exportadoras e de operadores» no sentido de abrir esta perspetiva de complementaridade, explicou Nabo Martins.
Na sua primeira entrevista enquanto presidente da Comunidade de Logística Ferroviária (CLF), António Nabo Martins, em representação da Associação dos Transitários de Portugal (APAT), conversou com o diretor da Transportes & Negócios, Fernando Gonçalves: abordou os fundamentos desta nova entidade e analisou os valores estruturantes que pautarão a ação da CLF, sempre em prol do aumento da quota do transporte ferroviário e da Intermodalidade enquanto conceito-chave de uma Logística eficiência e totalmente interligada.
Criada no arranque de Janeiro de 2025, a Comunidade de Logística Ferroviária (CLF) nasceu da necessidade de uma visão conjunta sobre o fenómeno da Logística e dos Transportes em Portugal, tendo como pilar da sua fundação a importância da ferrovia no setor e o papel que esta poderá desempenhar num sistema mais intermodal e multimodal, logo, mais eficiente, dinâmico e agregador. Para o residente da Comunidade de Logística Ferroviária, deve prevalecer uma abordagem estratégica que se traduza em investimentos destinados a fomentar o uso da ferrovia mas que, em simultâneo, promovam a sua simbiose com os restantes meios e operadores.
Transitários: essência intermodal catapultou a criação da CLF
Esta nova comunidade surge «de uma grande necessidade dos associados da APAT, uma vez que são intermodais e multimodais por natureza e quando são confrontandos com a necessidade de encontrar soluções de transporte para o Comércio Internacional, raramente é possível encontrar uma solução ferroviária», começou por explicar António Nabo Martins. «Trazer para o ecossistema logístico a área ferroviária» é um dos desígnios da CLF, envolvendo, para isso, todos os domínios do transporte, numa perspetiva de integração e articulação total. «Há que esticar este nosso hinterland», defende o presidente da CLF, reforçando que tal meta pode ser alcançada «com recurso à ferrovia».
«Portugal é um país iminentemente rodoviário nas suas relações internacionais - ainda bem que o é e a CLF não quer, não pode nem nunca conseguirá retirar essa relevância ao transporte rodoviário», vincou António Nabo Martins, relçando que, ao invés, o objetivo é «alterar o mindset de empresas exportadoras e de operadores» no sentido de abrir esta perspetiva de complementaridade: «a rodovia mais preparada para executar o first mile e o last mile, enquanto a ferrovia mais habilitada para as grandes distâncias».
CLF: Uma «comunidade aberta» para pensar «soluções estratégicas»
O presidente da CLF salientou que esta nova comunidade materializa-se num «grupo que pensa em encontrar soluções estratégicas - do ponto de vista do Comércio mas também da Sustentabilidade - para o país», lembrando que todas as nações, neste novo paradigma de Sustentabilidade, «têm metas a cumprir e algum caminho terão de fazer para lá chegar». A CLF fará «pedidos de audiência a várias instituições», no sentido de analisar quais ações prioritárias e a abertura, da «tutela e dos institutos» para chegar a consensos estratégicos. António Nabo Martins garantiu que a CLF terá sempre «a porta aberta» a quem quiser contribuir para a solução: «Esta comunidade não se quer fechada», declarou. «A transversalidade de elementos que temos reflete isso mesmo», acrescentou.