Para analisar a evolução deste segmento logístico, a APAT decidiu agregar três diferentes perspectivas que pudessem ser complementares na sua visão operacional.
No dia 10 de Abril, um dos pratos fortes da feira Empack and Logistics & Automation Porto 2025 (que se realizou na Exponor) foi a Logística Automóvel. A Associação dos Transitários de Portugal (APAT) aceitou o repto da organização, compondo e moderando a mesa-redonda subjacente ao tema 'Os Desafios de uma Logística Automóvel em Transformação' - em debate, três empresas com perspetivas diferentes para partilhar com a plateia: um transitário, um operador logístico e uma tecnológica.
Para analisar a evolução deste segmento logístico, a APAT decidiu agregar três diferentes perspetivas que pudessem ser complementares na sua visão operacional. Assim, foram escolhidas a Devlop (uma empresa tecnológica com experiência em soluções de software ligadas à Logística), a DB Schenker (um operador logístico global com desafios macro) e a NVOXpress (uma empresa transitária que lida, de forma personalizada, com este exigente segmento). Tiago Rego (Operations Manager), António Paulo (managing diretor para Portugal e Oeste espanhol) e Luísa Sousa (managing diretor), respetivamente, trocaram impressões e partilharam visões sobre o tema.
Com moderação de Bruno Falcão Cardoso, da APAT, a mesa-redonda prolongou-se por uma hora, e, durante esse período, várias foram as análises pertinentes sobre um setor em transformação constante e abrupta, principalmente a partir da pandemia de COVID-19. O boom dos veiculos elétricos, a apertada regulação de Segurança no transporte de baterias, a escassez de semi-condutores e as tensões geopolíticas (a reboque de uma renovada guerra comercial despoletada por Donald Trump) foram alguns dos tópicos centrais de uma Logística Automóvel que tem ainda de dar resposta às diretrizes de Sustentabilidade Ambiental e Digitalização.
Para os três oradores, não restam dúvidas: o setor não mais foi o mesmo desde a pandemia. Uma confluência de fatores aliou o ímpeto 'descarbonizador' à explosão de encomendas de novos veículos elétricos e à ascensão de novas tecnologias disruptivas, como a Inteligência Artificial, que incrementou os trunfos já bastante implementados da Internet das Coisas, a Robótica e Big Data. Criado o cenário de disrupção, os elos da cadeia logística tiveram de redobrar esforços para se adaptarem a uma nova realidade, na qual a exigência subiu consideravelmente. Do operador logístico, passando pelo transitário até à tecnológica, todos sentiram a transformação.
Desde o transporte mais 'verde' e menos impactante para o ambiente (no qual a DB Schenker apostou fortemente, eletrificando as frotas e revolucionando a morfologia da sua cadeia de abastecimento), passando pela personalização de soluções em curtas janelas temporais (como atestou a NVOXpress), até à necessidade crescente de adopção de novos sistemas de informação e de gestão, capazes de aportar maior eficiência e desmaterialização aos processos logísticos (como tão bem explicitou o representante da Devlop), várias foram as mudanças sentidas no panorama logístico automóvel. Todos também concordaram: nunca a Colaboração, multidisciplinar, foi tão essencial.
Na confluência de uma pressão para descarbonizar e digitalizar, as empresas enfrentaram, e continuarão a enfrentar, os desafios de calcular meticulosamente os seus investimentos, de modo a convergirem com as exigências atuais do mercado sem colocarem em causa a sua viabilidade a longo prazo. As apostas na automação e na rastreabilidade (de ponta a ponta) são já tidas como trunfos essenciais, com fabricantes e clientes a exigirem uma celeridade de processos elevada e o reporte constante de dados sobre a mercadoria. Ao mesmo tempo, a sustentabilidade destas cadeias é cada vez mais um imperativo incontornável.
Com os custos operacionais a darem um considerável salto (as tarifas impostas pelos EUA poderão ter um impacto imprevisível), este segmento tornou-se cada vez mais desafiante, tanto para operadores logísticos como para os transitários. A crescente complexidade deste transporte (novas regulamentações de segurança, veículos mais pesados e um equilíbrio mais ténue por todos os elos da cadeia, devido, por exemplo, aos congestionamentos nos portos) faz da Logística Automóvel um segmento desafiante que apenas pode ser conquistado através de uma interação colaborativa forte, vincaram os intervenientes.